sexta-feira, 11 de março de 2016

Análise da lecto escrita: estudo de caso


DISCENTE: CAROLINE ALVES
A língua escrita e falada tem, ao longo da história, sido um campo riquíssimo para estudos teóricos e práticos. Muitos são os estudiosos que debruçam-se sobre os assuntos concernentes a linguagem e, outros vários já percorreram o mesmo caminho, em busca de maior conhecimento sobre essa área que é tão importante na vida humana.
Dentre as mais diversas formas de linguagem está a palavra, e seja ela escrita ou falada, permeia o mundo de tal forma que não seria exagero afirmar a sua onipresença em nossas vidas. Conhecer como acontecem os primeiros passos da criança no universo das letras, as teorias elaboradas por elas próprias para responder aos questionamentos iniciais de sua trajetória de alfabetização, e todo o processo de letramento, tornou-se fundamental para os educadores.

No campo da Psicologia, foram muito importantes as contribuições dos estudos sobre a psicogênese da língua escrita, desenvolvidos por Emília Ferreiro e Ana Teberosky [...]. Constataram que as crianças ou os adultos analfabetos passavam por diferentes fases que vão da escrita pré-silábica, em que o aprendiz não compreende ainda que a escrita representa os segmentos sonoros da palavra, até as etapas silábica e a alfabética. (ALBUQUERQUE, 2007).
Em razão da demanda cada vez mais urgente, de materiais que pudessem dar suporte no processo alfabetizador, nota-se que o número de pesquisas e publicações na área, foi sendo ampliado, e atualmente podemos contar com teóricos de renome que versam sobre o assunto, com grande propriedade.  Nesse contexto, o trabalho de Emília Ferreiro e seus colaboradores, se tornaram referência. O processo de aquisição da linguagem escrita é exaustivamente pesquisado pela referida autora, que muito contribuiu para a compreensão do que entendemos hoje como a psicogênese da língua escrita.
Ferreiro afirma ter feito uma revolução conceitual‖ a respeito da alfabetização, por ter mudado o eixo em torno do qual passavam as discussões sobre o tema: dos debates sobre os métodos e os testes utilizados para o ensino da leitura e da escrita para, a idéia de que não são os métodos que alfabetizam, nem os testes que auxiliam o processo de alfabetização, mas são as crianças que (re)constroem o conhecimento sobre a língua escrita, por meio de hipóteses que formulam, para compreenderem o funcionamento desse objeto de conhecimento. (MENDONÇA, etal, s/d).


As hipóteses elaboradas pelas crianças, foram observadas e teorizadas por Ferreiro. Cada fase foi categorizada de acordo com seus níveis de progressão, e todas são importantes com suas peculiaridades. Mas neste momento nos deteremos apenas na fase pré-silábica. Contudo, é necessário salientar que existem outras, tais como a silábica, silábica-alfabética e hipótese alfabética.
Na fase pré-silábica, a criança não consegue relacionar as letras com os sons da língua falada, ao passo que também está imersa na fase ideográfica, em que a criança usa desenhos para representar palavras.
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Observando a ilustração, produzida por uma menina de 03 anos de idade, é possível notar que ela ainda representa as palavras por meio de figuras. Apesar de já escrever o próprio nome, ela o faz sem atribuir significado à sua escrita, neste momento é apenas por imitação. As outras palavras, como já exposto, Pérola, representou por meio de desenhos. Ela ainda não consegue compreender que as mesmas letras usadas para fazer seu nome, podem ser transportadas para outras palavras, que também são constituídas por letras e não por meio das figuras que representam. Na escrita espontânea, Pérola, só desenha.
Para Piaget, o desenho é uma das manifestações semióticas... desenho e escrita são formas de representação, são expressões da função semiótica e têm em comum a mesma origem gráfica. Além disso, a evolução do desenho acompanha o processo de desenvolvimento da criança, passando por etapas que caracterizam a maneira da criança se situar no mundo. (ALEXANDROFF, s/d).
 Piaget caracterizou essa fase de desenhos como pré-esquema, esta fase faz parte da segunda metade da fase pré-operatória, ela já consegue guiar as mãos ao invés de só segui-las, faz um desenho mais estruturado, apesar de ainda não seguir uma linha de base, e já começa a se preocupar em preencher todo o espaço. No entanto, não acredito ser possível dar um diagnóstico preciso do estágio em que a referida criança se encontra, porque não venho acompanhando seus outros registros.



Referências
MENDONÇA, Onaide Schwartz; MENDONÇA, Olympio Correa de. Psicogênese da Língua Escrita: contribuições, equívocos e consequências para a alfabetização. In: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA. Pró-Reitoria de Graduação. Caderno de formação: formação de professores: Bloco 02: Didática dos conteúdos. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2011. v. 2. p. 36-57. (D16 - Conteúdo e Didática de Alfabetização). Disponível em: <http://acervodigital.unesp.br/handle/123456789/40138>. Acesso em 04 de Dez 2015.
ALBUQUERQUE, E. B. C. de. Conceituando alfabetização e letramento. In: SANTOS, C. F.; MENDONÇA, M. (Org.). Alfabetização e letramento: Conceitos e relações. Belo Horizonte: Autêntica, 2007.p. 11-22.

ALEXANDROFF, M. C. Os caminhos paralelos do desenvolvimento do desenho e da escrita. Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttex t&pid=S1415-69542010000200003>. Acesso em13 de Fev. 2016.

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