DISCENTE: JAMILE MENEZES
Nos anos de 1980 são divulgados, no
Brasil, os resultados dos estudos realizados pela pesquisadora argentina, Emília Ferreiro, e seus colaboradores, contendo uma nova abordagem do processo
de aquisição da língua escrita pela criança. (MELLO, 2007, p. 1).
A partir de meados da década de 1980, os resultados da pesquisa sobre a psicogênese da língua escrita, desenvolvida por Emília Ferreiro e colaboradores, enfeixados sob a denominação ―construtivismo, foram considerados referencial teórico. (MELLO, 2007, p.3)
A partir de meados da década de 1980, os resultados da pesquisa sobre a psicogênese da língua escrita, desenvolvida por Emília Ferreiro e colaboradores, enfeixados sob a denominação ―construtivismo, foram considerados referencial teórico. (MELLO, 2007, p.3)
·
Ferreiro afirma ter feito uma ―revolução
conceitual‖ a respeito da alfabetização, por ter ―mudado‖ o eixo em torno do
qual passavam as discussões sobre o tema: dos debates sobre os métodos e os
testes utilizados para o ensino da leitura e da escrita para a idéia de que não
são os métodos que alfabetizam, nem os testes que auxiliam o processo de
alfabetização, mas são as crianças que (re)constroem o conhecimento sobre a
língua escrita, por meio de hipóteses que formulam, para compreenderem o
funcionamento desse objeto de conhecimento. (MELLO, 2007, p. 4)
·
Para a pesquisadora, a língua escrita
deve ser entendida como um sistema de representação da linguagem, concepção que
se opõe àquela em que a língua escrita é considerada como codificação e
decodificação da linguagem. (MELLO, 2007, p.4)
·
Ferreiro defende, então, o conceito de alfabetização
que vai em sentido contrário, já que a considera como o processo de aprendizagem
da língua escrita (MELLO, 2007, p.4)
·
Para os professores, o livro pode
auxiliar na interpretação das respostas dadas pelas crianças, quando estas
estão produzindo ou interpretando textos, para levar essas respostas em
consideração durante o processo de construção, pela criança, do conhecimento da
língua escrita. (MELLO, 2007, p.5)
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A interpretação do processo é explicada
do ponto de vista das crianças que aprendem, levando-se em consideração o
conhecimento específico que possuem antes de iniciar a aprendizagem escolar, a
saber: a escrita não representa apenas um traço ou marca, mas sim ―um objeto
substituto‖. (MELLO, 2007, p.6)
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O conjunto das hipóteses elaboradas
pelas crianças, denominado de ―níveis de conceitualização‖, pode ser
minimamente categorizado em: ―distinção entre o icônico e não-icônico‖;
―exigência de quantidade mínima e variedade de caracteres‖; ―hipótese
silábica‖; ―hipótese silábica-alfabética‖; e ―hipótese alfabética‖. (MELLO,
2007, p.7)
MELLO, Márcia Cristina de Oliveira. O pensamento de Emilia Ferreiro sobre alfabetização. Revista Moçambras: acolhendo a alfabetização nos países de língua portuguesa, São Paulo, ano 1, n. 2, 2007. Disponível em: <http://www.mocambras.org>. Publicado em: março 2007.
ALBUQUERQUE,
Eliana Borges Correia de. Conceituando alfabetização e letramento. In: SANTOS,
C. F.; MENDONÇA, M. (Org.). Alfabetização
e letramento: Conceitos e relações. Belo Horizonte: Autêntica, 2007.p.
11-22.
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A alfabetização considerada como o
ensino das habilidades de “codificação” e “decodificação” foi transposta para a
sala de aula, no final do século XIX, mediante a criação de diferentes métodos
de alfabetização – métodos sintéticos (silábicos ou fônicos) x métodos
analíticos (global) (ALBUQUERQUE, 2007p. 12);
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A
experiência “traumatizante” de alfabetização na escola deviase não só aos
castigos aos quais muitos de nós fomos submetidos, mas às próprias atividades
desenvolvidas, com ênfase na repetição e na memorização de letras, sílabas e
palavras sem significados. (ALBUQUERQUE, 2007p. 14);
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A
partir da década de 1980, o ensino da leitura e da escrita centrado no
desenvolvimento das referidas habilidades, desenvolvido com o apoio de material
pedagógico que priorizava a memorização de sílabas e/ou palavras e/ou frases
soltas, passou a ser amplamente criticado. (ALBUQUERQUE, 2007 p.16);
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Emília
Ferreiro e Ana Teberosky constataram que as crianças ou os adultos analfabetos
passavam por diferentes fases que vão da escrita pré-silábica, em que o
aprendiz não compreende ainda que a escrita representa os segmentos sonoros da
palavra, até as etapas silábica e a alfabética. (ALBUQUERQUE,
2007 p.16);
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No que
diz respeito à alfabetização especificamente, surge o conceito de
“analfabetismo funcional” para caracterizar aquelas pessoas que, tendo se
apropriado das habilidades de “codificação” e “decodificação”, não conseguiam
fazer uso da escrita em diferentes contextos sociais. (ALBUQUERQUE,
2007 p. 17);
·
a
partir da década de 1990, o conceito de alfabetização passou a ser vinculado a
outro fenômeno: o letramento. (ALBUQUERQUE, 2007 p.17);
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É
importante destacar que apenas o convívio intenso com textos que circulam na
sociedade não garante que os alunos se apropriem da escrita alfabética, uma vez
que essa aprendizagem não é espontânea e requer que o aluno reflita sobre as
características do nosso sistema de escrita. (ALBUQUERQUE,
2007 p.18);
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É
preciso o desenvolvimento de um trabalho sistemático de reflexão sobre as
características do nosso sistema de escrita alfabético. (ALBUQUERQUE,
2007 p.20);
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Sabemos
que ser alfabetizado, hoje, é mais do que “decodificar” e “codificar” os
textos. É poder estar inserido em práticas diferenciadas de
leitura e escrita e poder vivenciá-las de forma autônoma, sem precisar da
mediação de outras pessoas que sabem ler e escrever. Como cabe à escola
garantir a formação de cidadãos letrados, resta-nos construir estratégias de
ensino que permitam alcançar aquela meta: alfabetizar letrando. (ALBUQUERQUE,
2007 p.22);
·
Alfabetizar e letrar são duas ações
distintas, mas não inseparáveis, ao contrário: o ideal seria alfabetizar
letrando, ou seja: ensinar a ler e escrever no contexto das práticas sociais da
leitura e da escrita, de modo que o indivíduo se tornasse, ao mesmo tempo,
alfabetizado e letrado (ALBUQUERQUE, 2007 p. 47);
SANTOS, Carmi Ferraz.
Alfabetização e escolarização: A instituição do letramento escolar. In: SANTOS,
C. F.; MENDONÇA, M. (Org.). Alfabetização
e letramento: Conceitos e relações. Belo Horizonte: Autêntica, 2007.p.23-36.
·
Pesquisadores
voltados para discussões sobre o letramento têm questionado essa visão da
alfabetização popular como meramente um produto desse processo de escolarização
de massa impulsionado pela industrialização. (SANTOS, 2007 p. 24);
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(...) Não
foi preciso que primeiro fosse implantada uma escolarização em massa para que
as pessoas comuns fossem alfabetizadas. (SANTOS, 2007, p.25);
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o
material para a aprendizagem se constituía das sagradas escrituras, dos livros
de oração e de catecismo. Entretanto, não apenas a Reforma, mas também o
movimento de Contra-Reforma, buscou a instrução de seus fiéis como forma de
introduzi-los na verdade da fé católica. (SANTOS, 2007 p.27);
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Como
podemos perceber, não foi a escolarização que promoveu a alfabetização. Pelo
contrário, a escolarização foi uma consequência do desenvolvimento de uma
alfabetização popular que promoveu uma cultura popular letrada que se
constituiu como parte de um movimento em favor de mudanças sociais, entre elas
o acesso à escola. (SANTOS, 2007 p.28);
·
Os
detentores do saber escolar passaram a ser considerados sujeitos letrados,
enquanto aqueles deixados à margem da escola eram vistos como sujeitos
iletrados, já que não dominavam o saber da leitura e da escrita requerido pela
escola, antes detinham um saber de “segunda” categoria. (SANTOS,
2007p.29)
·
O
processo de ensino da leitura e da escrita deixa de ser realizado baseando-se
em textos utilizados no cotidiano e passa a utilizar material escrito elaborado
especificamente para uso escolar. Ou seja, o letramento como prática social de
leitura e escrita do cotidiano passa a ser substituído por um letramento
eminentemente escolar. (SANTOS, 2007 p.30);
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Assim
como os mestres dos séculos XVIII e XIX, muitos professores ainda hoje concebem
o ato de ler e escrever como algo neutro e universal e acreditam que o problema
fundamental da alfabetização é uma questão de escolha do método a ser utilizado.
(SANTOS,
2007 p.33);
·
É
preciso considerar também que a escola apresenta suas especificidades e, por
isso, discutir as práticas de alfabetização realizadas dentro de seus muros não
se trata apenas de substituir as formas de trabalho escolar. (SANTOS,
2007 p.34);
·
A
alfabetização e o letramento, embora fenômenos diferenciados, são interdependentes
e intercomplementares. Dessa forma, será possível recuperar a noção ampliada de
alfabetização que estabelece os usos e as práticas efetivas de leitura e
escrita vividas na sociedade e que foi, aos poucos, sendo substituída por uma
visão meramente escolar do processo de aprendizagem da língua escrita (SANTOS,
2007 p.35).
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