sexta-feira, 11 de março de 2016

FICHAMENTOS

DISCENTE: JAMILE MENEZES


Nos anos de 1980 são divulgados, no Brasil, os resultados dos estudos realizados pela pesquisadora argentina, Emília Ferreiro, e seus colaboradores, contendo uma nova abordagem do processo de aquisição da língua escrita pela criança. (MELLO, 2007, p. 1).
A partir de meados da década de 1980, os resultados da pesquisa sobre a psicogênese da língua escrita, desenvolvida por Emília Ferreiro e colaboradores, enfeixados sob a denominação ―construtivismo, foram considerados referencial teórico. (MELLO, 2007, p.3)


·         Ferreiro afirma ter feito uma ―revolução conceitual‖ a respeito da alfabetização, por ter ―mudado‖ o eixo em torno do qual passavam as discussões sobre o tema: dos debates sobre os métodos e os testes utilizados para o ensino da leitura e da escrita para a idéia de que não são os métodos que alfabetizam, nem os testes que auxiliam o processo de alfabetização, mas são as crianças que (re)constroem o conhecimento sobre a língua escrita, por meio de hipóteses que formulam, para compreenderem o funcionamento desse objeto de conhecimento. (MELLO, 2007, p. 4)

·         Para a pesquisadora, a língua escrita deve ser entendida como um sistema de representação da linguagem, concepção que se opõe àquela em que a língua escrita é considerada como codificação e decodificação da linguagem. (MELLO, 2007, p.4)

·         Ferreiro defende, então, o conceito de alfabetização que vai em sentido contrário, já que a considera como o processo de aprendizagem da língua escrita (MELLO, 2007,  p.4)

·         Para os professores, o livro pode auxiliar na interpretação das respostas dadas pelas crianças, quando estas estão produzindo ou interpretando textos, para levar essas respostas em consideração durante o processo de construção, pela criança, do conhecimento da língua escrita. (MELLO, 2007,  p.5)

·         A interpretação do processo é explicada do ponto de vista das crianças que aprendem, levando-se em consideração o conhecimento específico que possuem antes de iniciar a aprendizagem escolar, a saber: a escrita não representa apenas um traço ou marca, mas sim ―um objeto substituto‖. (MELLO, 2007, p.6)

·         O conjunto das hipóteses elaboradas pelas crianças, denominado de ―níveis de conceitualização‖, pode ser minimamente categorizado em: ―distinção entre o icônico e não-icônico‖; ―exigência de quantidade mínima e variedade de caracteres‖; ―hipótese silábica‖; ―hipótese silábica-alfabética‖; e ―hipótese alfabética‖. (MELLO, 2007, p.7) 

  MELLO, Márcia Cristina de Oliveira. O pensamento de Emilia Ferreiro sobre alfabetização. Revista Moçambras: acolhendo a alfabetização nos países de língua portuguesa, São Paulo, ano 1, n. 2, 2007. Disponível em: <http://www.mocambras.org>. Publicado em: março 2007.















ALBUQUERQUE, Eliana Borges Correia de. Conceituando alfabetização e letramento. In: SANTOS, C. F.; MENDONÇA, M. (Org.). Alfabetização e letramento: Conceitos e relações. Belo Horizonte: Autêntica, 2007.p. 11-22.

·         A alfabetização considerada como o ensino das habilidades de “codificação” e “decodificação” foi transposta para a sala de aula, no final do século XIX, mediante a criação de diferentes métodos de alfabetização – métodos sintéticos (silábicos ou fônicos) x métodos analíticos (global) (ALBUQUERQUE, 2007p. 12);

·         A experiência “traumatizante” de alfabetização na escola deviase não só aos castigos aos quais muitos de nós fomos submetidos, mas às próprias atividades desenvolvidas, com ênfase na repetição e na memorização de letras, sílabas e palavras sem significados. (ALBUQUERQUE, 2007p. 14);

·         A partir da década de 1980, o ensino da leitura e da escrita centrado no desenvolvimento das referidas habilidades, desenvolvido com o apoio de material pedagógico que priorizava a memorização de sílabas e/ou palavras e/ou frases soltas, passou a ser amplamente criticado. (ALBUQUERQUE, 2007 p.16);

·         Emília Ferreiro e Ana Teberosky constataram que as crianças ou os adultos analfabetos passavam por diferentes fases que vão da escrita pré-silábica, em que o aprendiz não compreende ainda que a escrita representa os segmentos sonoros da palavra, até as etapas silábica e a alfabética. (ALBUQUERQUE, 2007 p.16);

·         No que diz respeito à alfabetização especificamente, surge o conceito de “analfabetismo funcional” para caracterizar aquelas pessoas que, tendo se apropriado das habilidades de “codificação” e “decodificação”, não conseguiam fazer uso da escrita em diferentes contextos sociais. (ALBUQUERQUE, 2007 p. 17);

·         a partir da década de 1990, o conceito de alfabetização passou a ser vinculado a outro fenômeno: o letramento. (ALBUQUERQUE, 2007 p.17);

·         É importante destacar que apenas o convívio intenso com textos que circulam na sociedade não garante que os alunos se apropriem da escrita alfabética, uma vez que essa aprendizagem não é espontânea e requer que o aluno reflita sobre as características do nosso sistema de escrita. (ALBUQUERQUE, 2007 p.18);

·         É preciso o desenvolvimento de um trabalho sistemático de reflexão sobre as características do nosso sistema de escrita alfabético. (ALBUQUERQUE, 2007 p.20);

·         Sabemos que ser alfabetizado, hoje, é mais do que “decodificar” e “codificar” os textos. É poder estar inserido em práticas diferenciadas de leitura e escrita e poder vivenciá-las de forma autônoma, sem precisar da mediação de outras pessoas que sabem ler e escrever. Como cabe à escola garantir a formação de cidadãos letrados, resta-nos construir estratégias de ensino que permitam alcançar aquela meta: alfabetizar letrando. (ALBUQUERQUE, 2007 p.22);

·         Alfabetizar e letrar são duas ações distintas, mas não inseparáveis, ao contrário: o ideal seria alfabetizar letrando, ou seja: ensinar a ler e escrever no contexto das práticas sociais da leitura e da escrita, de modo que o indivíduo se tornasse, ao mesmo tempo, alfabetizado e letrado (ALBUQUERQUE, 2007 p. 47);











SANTOS, Carmi Ferraz. Alfabetização e escolarização: A instituição do letramento escolar. In: SANTOS, C. F.; MENDONÇA, M. (Org.). Alfabetização e letramento: Conceitos e relações. Belo Horizonte: Autêntica, 2007.p.23-36.

·         Pesquisadores voltados para discussões sobre o letramento têm questionado essa visão da alfabetização popular como meramente um produto desse processo de escolarização de massa impulsionado pela industrialização. (SANTOS, 2007 p. 24);

·         (...) Não foi preciso que primeiro fosse implantada uma escolarização em massa para que as pessoas comuns fossem alfabetizadas. (SANTOS, 2007, p.25);

·         o material para a aprendizagem se constituía das sagradas escrituras, dos livros de oração e de catecismo. Entretanto, não apenas a Reforma, mas também o movimento de Contra-Reforma, buscou a instrução de seus fiéis como forma de introduzi-los na verdade da fé católica. (SANTOS, 2007 p.27);

·         Como podemos perceber, não foi a escolarização que promoveu a alfabetização. Pelo contrário, a escolarização foi uma consequência do desenvolvimento de uma alfabetização popular que promoveu uma cultura popular letrada que se constituiu como parte de um movimento em favor de mudanças sociais, entre elas o acesso à escola. (SANTOS, 2007 p.28);

·         Os detentores do saber escolar passaram a ser considerados sujeitos letrados, enquanto aqueles deixados à margem da escola eram vistos como sujeitos iletrados, já que não dominavam o saber da leitura e da escrita requerido pela escola, antes detinham um saber de “segunda” categoria. (SANTOS, 2007p.29)

·         O processo de ensino da leitura e da escrita deixa de ser realizado baseando-se em textos utilizados no cotidiano e passa a utilizar material escrito elaborado especificamente para uso escolar. Ou seja, o letramento como prática social de leitura e escrita do cotidiano passa a ser substituído por um letramento eminentemente escolar. (SANTOS, 2007 p.30);

·         Assim como os mestres dos séculos XVIII e XIX, muitos professores ainda hoje concebem o ato de ler e escrever como algo neutro e universal e acreditam que o problema fundamental da alfabetização é uma questão de escolha do método a ser utilizado. (SANTOS, 2007 p.33);

·         É preciso considerar também que a escola apresenta suas especificidades e, por isso, discutir as práticas de alfabetização realizadas dentro de seus muros não se trata apenas de substituir as formas de trabalho escolar. (SANTOS, 2007 p.34);

·         A alfabetização e o letramento, embora fenômenos diferenciados, são interdependentes e intercomplementares. Dessa forma, será possível recuperar a noção ampliada de alfabetização que estabelece os usos e as práticas efetivas de leitura e escrita vividas na sociedade e que foi, aos poucos, sendo substituída por uma visão meramente escolar do processo de aprendizagem da língua escrita (SANTOS, 2007 p.35).




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