sexta-feira, 11 de março de 2016

FICHAMENTO: A PSICOGÊNESE DA LÍNGUA ESCRITA

DISCENTE: POLIANA CARVALHO

Os autores Mendonça e Mendonça versam por “apresentar os resultados da pesquisa “Psicogênese da língua escrita”, de Emília Ferreiro e Ana Teberosky, em seus aspectos linguísticos, significativos à alfabetização, e demonstrar os equívocos mais comuns advindos da interpretação desvirtuada dessa teoria, bem como suas consequências  (MENDONÇA; MENDONÇA, 2011, p.37).  Primeiro eles fazem uma discussão sobre esta teoria, segundo eles  “Ferreiro e Teberosky, psicolinguistas argentinas, iniciaram em 1974 uma investigação, par­tindo da concepção de que a aquisição do conhecimento se baseia na atividade do sujeito em interação com o objeto de conhecimento e demonstraram que a criança, já antes de chegar à escola, tem ideias e faz hipóteses sobre o código escrito, descrevendo os estágios linguísticos que percorre até a aquisição da leitura e da escrita” (MENDONÇA; MENDONÇA, 2011, p.37)

Estas autoras “descrevem o aprendiz formulando hipóteses a respeito do código, percorrendo um caminho que pode ser representado nos níveis pré-silábico, silá­bico, silábico-alfabético, alfabético. Essa construção demonstra a pesquisa, segue uma linha regular, organizada em três grandes períodos: 1º) o da distinção entre o modo de representação icônica (imagens) ou não icônica (letras, números, sinais); 2º) o da construção de formas de diferenciação, controle progressivo das variações sobre o eixo qualitativo (variedade de gra­fias) e o eixo quantitativo (quantidade de grafias). Esses dois períodos configuram a fase pré­-linguística ou pré-silábica; 3º) o da fonetização da escrita, quando aparecem suas atribuições de sonorização, iniciado pelo período silábico e terminando no alfabético.” (MENDONÇA; MENDONÇA, 2011, p.38). Ou seja, “a Psicogênese da língua escrita descreve como o aprendiz se apropria dos concei­tos e das habilidades de ler e escrever, mostrando que a aquisição desses atos linguísticos segue um percurso semelhante àquele que a humanidade percorreu até chegar ao sistema alfabético, ou seja, o aluno, na fase pré-silábica do caminho que percorre até alfabetizar-se, ignora que a palavra escrita representa a palavra falada, e desconhece como essa representação se processa. Ele precisa, então, responder a duas questões: o que a escrita representa e o modo de constru­ção dessa representação” (MENDONÇA; MENDONÇA, 2011, p.39).
Depois de discorrer sobre as principais características da “Psicogênese da escrita” os autores discutem os Equívocos da Interpretação da Psicogênese da Língua Escrita, um destes está na compreensão de que para implantar a psicogênese deve-se abandonar as  “técnicas silábicas de análise e síntese consideradas “tradicionais” (MENDONÇA; MENDONÇA, 2011, p.40), esse “equívoco que se configura na exclusão da experiência silábica do professor parece ser fruto de algumas orientações pedagógicas, surgidas no afã de combater as atividades mecanicistas herdadas das cartilhas, à revelia da própria obra de Emília Ferreiro que não oferece elementos para fundamentar tal exigência, mas sim esclarece que a criança pensa, raciocina, inventa, buscando compreender a natureza desse objeto cultural – a escrita – em um processo dinâmico em constante construção de sistemas interpretativos.” (MENDONÇA; MENDONÇA, 2011, p.43).“Relevante é lembrar que, juntamente com as revelações de Ferreiro e Teberosky, já descritas, foram divulgadas concepções que não eram delas, mas geradoras de muitos equívocos, que inclusive lhes causaram muito constrangimento. Essas concepções foram e continuam sendo divulgadas até hoje. A seguir, relacionamos as principais consequências e orientações equivocadas decorrentes da má interpretação da Psicogênese da língua escrita:  Definição de alfabetização - Alfabetização ou Letramento: a confusão inicial se deu por conta da própria definição de alfabetização. Definir alfabetização e letramento é de suma importância, pois são dois processos distintos e da sua compreensão dependerão os resultados da alfabetização em sala de aula. Assim, compreender a natureza de cada processo é essencial, pois só de posse desse conhecimento o professor terá condições de decidir sua metodologia de ensino, em função dos objetivos a serem alcançados.” (MENDONÇA; MENDONÇA, 2011, p.45)“Os alunos aprendem a escrever só de ver o professor escrevendo na lousa: outra orientação afirmava que o professor deveria contar histórias, em seguida, pedir aos alunos que as recon­tassem e, assumindo o papel de “escriba” da sala, reescrevesse o texto recontado na lousa, sob a justificativa de que só de ver o professor à lousa, aprenderiam. É inconcebível que um indivíduo graduado na área de ensino de língua materna, com conhecimentos linguísticos sobre fonética e fonologia, ciente da complexidade que é o escrever, das dificuldades relativas ao domínio dos sistemas gráfico e ortográfico, da pontuação, concordância, aspectos que envolvem a produção textual, possa acreditar em tal afirmação..” (MENDONÇA; MENDONÇA, 2011, p.48-49)  “Não precisa ensinar, a criança aprende sozinha: um outro equívoco divulgado à época era o de que o professor não precisava ensinar, porque a criança aprendia sozinha. Dizia-se, também, que o professor não precisava desenvolver um trabalho sistemático de alfabetização, pois deveria exercer a função de “mediador” do conhecimento (papel que não ficava claro aos professores), informando apenas o que os alunos, ao demonstrar interesse, questionassem. Se o docente limitar-se a responder questionamentos de alunos, a aprendizagem da leitura e da escrita poderá ficar comprometida. Alfabetizar exige trabalho sistemático com objetivos determinados, com carga horária diária, concentração, esforço, persistência e determinação” (MENDONÇA; MENDONÇA, 2011, p. 49)“Pedir ao aluno que escreva do seu jeito: outra orientação era a de pedir aos alunos que escrevessem da forma como sabiam, para que não fossem reprimidos como a cartilha fazia, ao permitir que escrevessem usando apenas elementos dominados. Essa orientação era interessante, seu objetivo era o de incentivar o aluno a escrever sem medo; entretanto, aos professores era estranho ver alunos rabiscando, pensando que escreviam histórias. Mas o principal problema não era o fato de tentarem escrever sem a mínima noção de escrita, mas a distância que há entre o trabalho de nível pré-silábico para o de nível alfabético (produção de escrita significativa - textos)” (MENDONÇA; MENDONÇA, 2011, p. 51-52)“O professor não pode corrigir o aluno: Ferreiro e Teberosky defendem uma alfabetização ativa, baseada no questionamento, de modo que, quando o aluno questionar o professor sobre a maneira de escrever determinada palavra, ou quando grafar uma palavra usando letras ina­dequadas, ou ainda faltando letras, que o professor não forneça a resposta diretamente, mas devolva o questionamento, induzindo o indivíduo a refletir sobre o objeto de conhecimento com o qual está trabalhando” (MENDONÇA; MENDONÇA, 2011, p. 52).Concluísse diante de todos esses equívocos e consequências apresentadas e através da análise da alfabetização ao longo dos últimos 20 anos, “que a teoria constru­tivista tem sido adotada por vários estados do Brasil como se fosse uma fórmula mágica para resolver todos os problemas relativos ao tema, mas resultados de pesquisas como o INAF 2009 (INSTITUTO PAULO MONTENEGRO, 2009) mostram índices alarmantes de analfabetismo” (MENDONÇA; MENDONÇA, 2011, p.56).Nesse sentido, é urgente a adoção de metodologia adequada para que crianças sejam alfabetizadas em nosso país, assumindo a definição de alfabetização, em sua especificidade, como conjunto de técnicas para exercer a arte e a ciência da escrita. (MENDONÇA; MENDONÇA, 2011, p.56).

O construtivismo teve seu mérito, à medida que destronou a cartilha e apresentou uma teoria sobre a aquisição da escrita. Entretanto, segundo Soares (2003), na época da cartilha havia método sem teoria sobre alfabetização, hoje há uma bela teoria, mas não se tem método. O ideal é que se tenha um método com base em uma teoria de alfabetização (MENDONÇA; MENDONÇA, 2011, p.56).

MENDONÇA, Onaide Schwartz; MENDONÇA, Olympio Correa de. Psicogênese da Língua Escrita: contribuições, equívocos e consequências para a alfabetização. In: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA. Pró-Reitoria de Graduação. Caderno de formação: formação de professores: Bloco 02: Didática dos conteúdos. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2011. v. 2. p. 36-57. (D16 - Conteúdo e Didática de Alfabetização). Disponível em: <http://acervodigital.unesp.br/handle/123456789/40138>

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