UNIVERSIDADE
ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA-UESB
DOCENTE:
MARIA DA CONCEIÇÃO FERREIRA
DISCENTE:
TAMILES DA CRUZ SILVA
DISCIPLINA:
METODOLOGIA APLICADA A ALFABETIZAÇÃO
CURSO:
PEDAGOGIA VI SEMESTRE
DEPARTAMENTO
DE CIÊNCIAS HUMANAS E LETRAS-DCHL
O pensamento de Emilia Ferreiro
sobre alfabetização.
MELLO,
Márcia Cristina de Oliveira. O pensamento de Emilia Ferreiro sobre
alfabetização. Revista Moçambras: acolhendo a alfabetização nos países de
língua portuguesa, São Paulo, ano 1, n. 2, 2007.
Esse
instrumento de pesquisa propiciou constatar que Emilia Ferreiro possui uma
vasta produção escrita, traduzida para diversos idiomas, em vários países,
dentre eles o Brasil. Foi possível constatar que são poucos os estudos e as
pesquisas realizados sobre o pensamento construtivista de Emília Ferreiro no
tocante à alfabetização. (MELLO p. 86)
O
que se encontram são textos que trazem propostas de aplicação em sala de aula,
das ideias de Emilia Ferreiro e colaboradores, o que não é a proposta da
pesquisa, cujos resultados apresento. (MELLO p.86,87).
O
critério para a escolha desse livro relaciona-se com os seguintes aspectos: foi
o primeiro livro de Ferreiro traduzido no Brasil; nele são apresentados os
resultados da pesquisa sobre a psicogênese da língua escrita, realizada por
Emilia Ferreiro e colaboradores, os quais não foram ainda radicalmente
contestados; apenas, por vezes, criticados. (MELLO p.87).
A
partir de meados da década de 1980, os resultados da pesquisa sobre a
psicogênese da língua escrita, desenvolvida por Emilia Ferreiro e
colaboradores, enfeixados sob a denominação ―construtivismo‖, foram
considerados referencial teórico, por exemplo, no estado de São Paulo, para o
Ciclo Básico de Alfabetização (CBA). (MELLO p.87).
Emilia
Ferreiro ganhou prestígio por desenvolver, com seus colaboradores, pesquisa
empírica que lhe permitiu formular a teoria sobre a psicogênese da língua
escrita, a qual foi divulgada em diversos países, dentre eles, o Brasil. Sua
atuação profissional revela, também, o compromisso político em contribuir na
busca de soluções para enfrentar o problema do analfabetismo. (MELLO p.87).
Essa
busca de soluções, tendo em vista a modificação da realidade educacional dos
países da América Latina, em relação ao fracasso na alfabetização, principalmente
das crianças das classes sociais menos favorecidas, levou Ferreiro a propor,
por meio, especialmente, dos resultados da pesquisa contidos no livro Psicogênese
da língua escrita, uma nova maneira de se pensar a alfabetização, já que,
para a pesquisadora, o fracasso na alfabetização está relacionado à maneira
pela qual esse processo vinha sendo proposto e praticado até então. (MELLO
p.87,88).
Além
dessa proposta de mudança de olhar‖ sobre o processo de alfabetização, a
revolução conceitual‖ proposta está, também, relacionada com a própria
concepção de língua escrita e de alfabetização. (MELLO p.88)
2. Alfabetização e letramento: conceitos e relações
SANTOS, Carmi Ferraz.
Alfabetização e letramento: conceitos e relações / organizado por Carmi Ferraz
Santos e Márcia Mendonça. 1ed., 1reimp. – Belo Horizonte: Autêntica, 2007.
Definir o termo “alfabetização” parece ser algo desnecessário,
visto que se trata de um conceito conhecido e familiar. Qualquer pessoa
responderia que alfabetizar corresponde à ação de ensinar a ler e a escrever.
(ALBUQUERQUE, p. 11).
A experiência “traumatizante” de
alfabetização na escola devia senão só aos castigos aos quais muitos de nós
fomos submetidos, mas às próprias atividades desenvolvidas, com ênfase na
repetição na memorização de letras, sílabas e palavras sem significados.
(ALBUQUERQUE, p. 13).
A partir da década de 1980, o
ensino da leitura e da escrita centrado no desenvolvimento das referidas
habilidades, desenvolvido com o apoio de material pedagógico que priorizava a
memorização de sílabas e/ou palavras e/ou frases soltas, passou a ser amplamente
criticado. (ALBUQUERQUE,p.15).
No campo da Psicologia, foram
muito importantes as contribuições dos estudos sobre a psicogênese da língua
escrita, desenvolvidos por Emília Ferreiro e Ana Teberosky (1984).
(ALBUQUERQUE, p.15).
No Brasil, o termo letramento
não substituiu a palavra alfabetização, mas aparece associada a ela. Podemos
falar, ainda nos dias de hoje, de um alto índice de analfabetos, mas não de
“iletrados”, pois sabemos que um sujeito que não domina a escrita alfabética,
seja criança, seja adulto, envolve-se em práticas de leitura e escrita através
da mediação de uma pessoa alfabetizada, e nessas práticas desenvolve uma série
de conhecimentos sobre os gêneros que circulam na sociedade. (ALBUQUERQUE,
p.16,17).
As práticas de leitura e produção
de textos desenvolvidas na escola, relacionadas a um “letramento escolar”, não
se adequaria, conforme certas expectativas, ao desenvolvimento
socioeconômico-cultural de nossa sociedade, em que os indivíduos convivem em
contextos em que a escrita se faz presente de forma mais complexa.
(ALBUQUERQUE, p.18).
Sabemos que, para a formação de
leitores e escritores competentes, é importante a interação com diferentes
gêneros textuais, com base em contextos diversificados de comunicação.
(ALBUQUERQUE, p.18).
É preciso o desenvolvimento de
um ensino no nível da palavra, que leve o aluno a perceber que o que a escrita
representa (nota no papel) é sua pauta sonora, e não o seu significado, e que o
faz através da relação fonema/grafema. (ALBUQUERQUE, p.20).
Como cabe à escola garantir a
formação de cidadãos letrados, resta-nos construir estratégias de ensino que
permitam alcançar aquela meta: alfabetizar letrando. (ALBUQUERQUE, p.21).
3. Alfabetização e escolarização: a
instituição do letramento escolar
SANTOS,
Carmi Ferraz. Alfabetização e
letramento: conceitos e relações / organizado por Carmi Ferraz Santos e
Márcia Mendonça. 1ed., 1reimp. – Belo Horizonte: Autêntica, 2007.
Pesquisadores
voltados para discussões sobre o letramento têm questionado essa visão da
alfabetização popular como meramente um produto desse processo de escolarização
de massa impulsionado pela industrialização. (SANTOS, p. 24).
ALFABETIZAÇÃO SEM ESCOLAS:
Com
o estabelecimento de uma nova ordem econômico-social, a exigência de uma instrução
universal torna-se premente. (SANTOS, p. 24).
Antes
do desenvolvimento de um sistema burocrático de ensino, o processo de
alfabetização ocorria de modo informal, a aprendizagem da leitura e da escrita
se dava nos grupos aos quais as pessoas faziam parte e nos mais variados
ambientes, como a própria casa ou local de trabalho. (SANTOS, p. 25).
as
práticas de alfabetização que então eram efetivadas estavam intimamente ligadas
aos usos e material escrito que faziam parte das práticas cotidianas. (SANTOS,
p. 27).
Como
podemos perceber, não foi a escolarização que promoveu a alfabetização. Pelo
contrário, a escolarização foi uma consequência do desenvolvimento de uma
alfabetização popular que promoveu uma cultura popular letrada que se
constituiu como parte de um movimento em favor de mudanças sociais, entre elas
o acesso à escola. (SANTOS, p. 27).
A
alfabetização efetivada na escola deixa de trabalhar as habilidades discursivas
e trata a linguagem meramente como fenômeno lingüístico abstrato. (SANTOS, p.
29).
Outra
consequência da escolarização do processo de alfabetização resulta do próprio
caráter teleológico que a escola tem assumido desde suas origens. Objetivando
garantir o acesso a um saber padronizado, a escola se estruturou de forma orgânica
e sistematizada. (SANTOS, p. 30).
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