sexta-feira, 15 de abril de 2016

O pensamento de Emilia Ferreiro sobre alfabetização.



UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA-UESB
DOCENTE: MARIA DA CONCEIÇÃO FERREIRA
DISCENTE: TAMILES DA CRUZ SILVA
DISCIPLINA: METODOLOGIA APLICADA A ALFABETIZAÇÃO
CURSO: PEDAGOGIA VI SEMESTRE
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E LETRAS-DCHL


O pensamento de Emilia Ferreiro sobre alfabetização.


MELLO, Márcia Cristina de Oliveira. O pensamento de Emilia Ferreiro sobre alfabetização. Revista Moçambras: acolhendo a alfabetização nos países de língua portuguesa, São Paulo, ano 1, n. 2, 2007.
Esse instrumento de pesquisa propiciou constatar que Emilia Ferreiro possui uma vasta produção escrita, traduzida para diversos idiomas, em vários países, dentre eles o Brasil. Foi possível constatar que são poucos os estudos e as pesquisas realizados sobre o pensamento construtivista de Emília Ferreiro no tocante à alfabetização. (MELLO p. 86)
O que se encontram são textos que trazem propostas de aplicação em sala de aula, das ideias de Emilia Ferreiro e colaboradores, o que não é a proposta da pesquisa, cujos resultados apresento. (MELLO p.86,87).
O critério para a escolha desse livro relaciona-se com os seguintes aspectos: foi o primeiro livro de Ferreiro traduzido no Brasil; nele são apresentados os resultados da pesquisa sobre a psicogênese da língua escrita, realizada por Emilia Ferreiro e colaboradores, os quais não foram ainda radicalmente contestados; apenas, por vezes, criticados. (MELLO p.87).
A partir de meados da década de 1980, os resultados da pesquisa sobre a psicogênese da língua escrita, desenvolvida por Emilia Ferreiro e colaboradores, enfeixados sob a denominação ―construtivismo‖, foram considerados referencial teórico, por exemplo, no estado de São Paulo, para o Ciclo Básico de Alfabetização (CBA). (MELLO p.87).
Emilia Ferreiro ganhou prestígio por desenvolver, com seus colaboradores, pesquisa empírica que lhe permitiu formular a teoria sobre a psicogênese da língua escrita, a qual foi divulgada em diversos países, dentre eles, o Brasil. Sua atuação profissional revela, também, o compromisso político em contribuir na busca de soluções para enfrentar o problema do analfabetismo. (MELLO p.87).
Essa busca de soluções, tendo em vista a modificação da realidade educacional dos países da América Latina, em relação ao fracasso na alfabetização, principalmente das crianças das classes sociais menos favorecidas, levou Ferreiro a propor, por meio, especialmente, dos resultados da pesquisa contidos no livro Psicogênese da língua escrita, uma nova maneira de se pensar a alfabetização, já que, para a pesquisadora, o fracasso na alfabetização está relacionado à maneira pela qual esse processo vinha sendo proposto e praticado até então. (MELLO p.87,88).
Além dessa proposta de mudança de olhar‖ sobre o processo de alfabetização, a revolução conceitual‖ proposta está, também, relacionada com a própria concepção de língua escrita e de alfabetização. (MELLO p.88)



           




  2. Alfabetização e letramento: conceitos e relações

SANTOS, Carmi Ferraz. Alfabetização e letramento: conceitos e relações / organizado por Carmi Ferraz Santos e Márcia Mendonça. 1ed., 1reimp. – Belo Horizonte: Autêntica, 2007.

Definir o termo “alfabetização” parece ser algo desnecessário, visto que se trata de um conceito conhecido e familiar. Qualquer pessoa responderia que alfabetizar corresponde à ação de ensinar a ler e a escrever.
(ALBUQUERQUE, p. 11).
A experiência “traumatizante” de alfabetização na escola devia senão só aos castigos aos quais muitos de nós fomos submetidos, mas às próprias atividades desenvolvidas, com ênfase na repetição na memorização de letras, sílabas e palavras sem significados. (ALBUQUERQUE, p. 13).
A partir da década de 1980, o ensino da leitura e da escrita centrado no desenvolvimento das referidas habilidades, desenvolvido com o apoio de material pedagógico que priorizava a memorização de sílabas e/ou palavras e/ou frases soltas, passou a ser amplamente criticado. (ALBUQUERQUE,p.15).

No campo da Psicologia, foram muito importantes as contribuições dos estudos sobre a psicogênese da língua escrita, desenvolvidos por Emília Ferreiro e Ana Teberosky (1984). (ALBUQUERQUE, p.15).
No Brasil, o termo letramento não substituiu a palavra alfabetização, mas aparece associada a ela. Podemos falar, ainda nos dias de hoje, de um alto índice de analfabetos, mas não de “iletrados”, pois sabemos que um sujeito que não domina a escrita alfabética, seja criança, seja adulto, envolve-se em práticas de leitura e escrita através da mediação de uma pessoa alfabetizada, e nessas práticas desenvolve uma série de conhecimentos sobre os gêneros que circulam na sociedade. (ALBUQUERQUE, p.16,17).
As práticas de leitura e produção de textos desenvolvidas na escola, relacionadas a um “letramento escolar”, não se adequaria, conforme certas expectativas, ao desenvolvimento socioeconômico-cultural de nossa sociedade, em que os indivíduos convivem em contextos em que a escrita se faz presente de forma mais complexa. (ALBUQUERQUE, p.18).
Sabemos que, para a formação de leitores e escritores competentes, é importante a interação com diferentes gêneros textuais, com base em contextos diversificados de comunicação. (ALBUQUERQUE, p.18).
É preciso o desenvolvimento de um ensino no nível da palavra, que leve o aluno a perceber que o que a escrita representa (nota no papel) é sua pauta sonora, e não o seu significado, e que o faz através da relação fonema/grafema. (ALBUQUERQUE, p.20).
Como cabe à escola garantir a formação de cidadãos letrados, resta-nos construir estratégias de ensino que permitam alcançar aquela meta: alfabetizar letrando. (ALBUQUERQUE, p.21).

3. Alfabetização e escolarização: a instituição do letramento escolar

SANTOS, Carmi Ferraz. Alfabetização e letramento: conceitos e relações / organizado por Carmi Ferraz Santos e Márcia Mendonça. 1ed., 1reimp. – Belo Horizonte: Autêntica, 2007.
Pesquisadores voltados para discussões sobre o letramento têm questionado essa visão da alfabetização popular como meramente um produto desse processo de escolarização de massa impulsionado pela industrialização. (SANTOS, p. 24).
ALFABETIZAÇÃO SEM ESCOLAS:
Com o estabelecimento de uma nova ordem econômico-social, a exigência de uma instrução universal torna-se premente. (SANTOS, p. 24).
Antes do desenvolvimento de um sistema burocrático de ensino, o processo de alfabetização ocorria de modo informal, a aprendizagem da leitura e da escrita se dava nos grupos aos quais as pessoas faziam parte e nos mais variados ambientes, como a própria casa ou local de trabalho. (SANTOS, p. 25).
as práticas de alfabetização que então eram efetivadas estavam intimamente ligadas aos usos e material escrito que faziam parte das práticas cotidianas. (SANTOS, p. 27).
Como podemos perceber, não foi a escolarização que promoveu a alfabetização. Pelo contrário, a escolarização foi uma consequência do desenvolvimento de uma alfabetização popular que promoveu uma cultura popular letrada que se constituiu como parte de um movimento em favor de mudanças sociais, entre elas o acesso à escola. (SANTOS, p. 27).
A alfabetização efetivada na escola deixa de trabalhar as habilidades discursivas e trata a linguagem meramente como fenômeno lingüístico abstrato. (SANTOS, p. 29).
Outra consequência da escolarização do processo de alfabetização resulta do próprio caráter teleológico que a escola tem assumido desde suas origens. Objetivando garantir o acesso a um saber padronizado, a escola se estruturou de forma orgânica e sistematizada. (SANTOS, p. 30).








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